Temos visto recentemente uma força tarefa para a conscientização sobre os males causados pelo crack e também diversas medidas para promover o combate a essa droga que tem devastado especialmente a juventude pobre de nosso país, já que o acesso à referida substância, derivada da cocaína, é bem mais fácil devido seu baixo preço (uma pedra custa cerca de 10 reais). Mas a droga não fica limitada a nenhum grupo em particular. Ela está entranhada em classes mais altas; chega também às mulheres e crianças; se apresenta entre empresários e universitários. E, claro, o crak não poupa nenhum destas categorias de sua terrível destruição.
Quando assumiu a Presidência da República, a presidente Dilma se comprometeu a enfrentar o crack. Passados alguns meses de sua gestão temos assistido ao que considero o início da investida. Por meio de campanhas publicitárias, promovidas pelo Governo Federal, através do Ministério da Justiça, são exibidas cenas de pessoas desfiguradas e transtornadas, sem domínio de suas ações e com suas faculdades mentais destruídas. As cenas chocam sim. Mas talvez nem revelem a realidade que as “pedras” de fato geram na vida de homens e mulheres dominados por ela.
Os especialistas afirmam que o crack pode viciar logo após a primeira experiência. Que nove em cada 10 usuários ficarão dependentes. Ou seja: Não pode não haver chance para aquele que se diz apenas “curioso” com os efeitos proporcionados pela ingestão do crack, que é extremamente danoso. O crack causa dependência; lança a pessoa no crime e na prostituição; destrói sua auto-estima, sua família, suas perspectivas e objetivos de vida. Ele mata os sonhos e os projetos junto com suas vítimas.
O crack joga seu usuário literalmente na sarjeta e coloca sobre ele uma sentença de morte! Em matéria publicada recentemente pela revista VEJA lemos que um em cada três usuários morre em média após cinco anos contínuos do crack. Isso é espantoso!
Ele traz ainda um enorme prejuízo ao país, que perde força de trabalho e de crescimento com sua juventude refém da droga. Isso sem falar na desestabilização das famílias, na destruição do caráter do indivíduo que acaba muitas vezes praticando delitos para sustentar o vício, nas perdas deflagradas pelo uso da droga m sua vida profissional, sentimental e, como disse anteriormente, na autoestima.
Toda a investida contra o crack é necessária e bem-vinda. Matérias nos meios de comunicação, campanhas, debates e esclarecimentos sobre a droga. Tudo isso é fundamental. Porém, acredito que já deveríamos ter começado há muito tempo. As primeiras notícias sobre a droga surgiram há mais de 10 anos e hoje temos um número espantoso de viciados. Sem contar nas vidas que se foram.
Existe na cidade de São Paulo um local batizado de “Cracolândia”. Ali é o reduto dos usuários e traficantes. Impressionante como a droga teve o poder de denominar um local público, que ficou conhecido pelo seu domínio, ao invés de ter encontrado nas autoridades seu rigoroso combate.
No mês de junho, recebi em meu gabinete o diretor da ONG Amor Exigente, Miguel Tortorelli, instituição que há 26 anos atua na auto e mútua ajuda aos dependentes químicos e promove apoio e orientação aos seus familiares. Conversamos a respeito do tema, que tem sido uma verdadeira questão a ser enfrentada por toda a sociedade.
Nesta reunião decidimos iniciar um trabalho na Assembleia Legislativa de São Paulo para ampliar as discussões sobre o crack e demais drogas, o que faremos por meio de audiências públicas com especialistas, técnicos e profissionais envolvidos com o assunto, além de trazer a sociedade (pais, educadores, médicos e jovens) para participar dos debates e buscarmos, juntos, soluções para enfrentar o problema das drogas em nosso Estado. Temos que acreditar. Temos que enfrentar. Temos que trabalhar. Afinal, acredito que a luta é de todos nós!
Dilmo dos Santos é deputado estadual e presidente da Assembleia de Deus Madureira em Piracicaba.
ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL DE PIRACICABA EM 14/07/2011
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