*Dilmo dos Santos, artigo
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Região da Cracolândia (Foto: Ed. Abril) |
Tenho acompanhado a difícil missão das autoridades municipais da capital paulista e do governo do Estado sobre o “esvaziamento” da chamada Cracolândia, local onde se concentram centenas de dependentes químicos – usuários de crack e outras drogas – misturados a mendigos e moradores de rua. O trabalho que começou mais efetivamente este ano inclui o oferecimento de ajuda para internações aos dependentes – que precisam ser convencidos pelos agentes de saúde e assistentes sociais – além da repressão aos traficantes que estão infiltrados entre homens e mulheres de todas as idades e até crianças. Este é um ambiente propício para os criminosos que procuram se passar por dependentes e têm ali também os consumidores para seus “produtos”.
Cracolândia é a terra do crack. A região ganhou o codinome porque perdeu o seu verdadeiro (que é bairro da Luz) ao agregar viciados em diferentes tipos de drogas, especialmente no crack, a mais popular, acessível e uma das mais destruidoras de todas as drogas. Localizada na área central da cidade, a região perdeu seus habituais frequentadores e teve suas ruas tomadas pela multidão de dependentes químicos, tornando-se um cenário deplorável onde pessoas se misturam a fezes, lixo, restos de alimentos e prostituição, em uma exposição degradante da condição humana daquele que enveredou por este caminho de difícil, mas possível, retorno.
Penso, e já usei este importante espaço diversas vezes para dizer que a solução para este grave problema de saúde e segurança pública passa por todos nós. Sim, uma tarefa que deve ter início dentro das famílias antes de as drogas chegarem à curiosidade e à ingenuidade dos nossos filhos, o que deve acontecer através de muito diálogo, informação e educação. Este trabalho também precisa ser feito nas escolas – desde o mais básico ensino e ir acompanhando a vida escolar dos jovens – por meio de campanhas de esclarecimentos, palestras e atividades educativas. Além, é claro, de ações conjuntas entre os poderes públicos do executivo, para disponibilizar tratamentos, acompanhamentos psicológicos, abrigos e também oportunidades de educação e de formação profissional para que estas pessoas deixem a marginalidade e sejam reinseridas na sociedade.
A Cracolândia da capital ganhou o noticiário pela força-tarefa que está sendo empreendida para mudar a vida dos usuários de crack e para transformar a região degradada pela condição que acabou sendo imposta pelos drogados e criminosos. Mas, a Cracolândia deve ser banida em todos os locais onde ela existir. Com ações firmes do Estado e dos municípios; com políticas públicas sérias e contínuas; e com o envolvimento da comunidade que tem o poder de criar ferramentas capazes de promover a transformação social.
Acredito que assim, conseguiremos ter melhores perspectivas para milhares de pessoas (principalmente jovens) que hoje estão à margem da sociedade e da produtividade devido o engodo das drogas.
*Dilmo dos Santos é pastor da Assembleia de Deus Madureira em Piracicaba e deputado estadual (PV)
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